terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

AVÓS E NETOS, UM ENCONTRO DE AFETOS

Em 12 de fevereiro de 2020, as turmas do 3.º ano da EB Zeca Afonso, no âmbito do Projeto “Arte e Escrita de Mãos Dadas”, receberam os avós nas suas salas de aula.
Nessa semana muito se ouviu falar de “afetos”, ou por ser o Dia de S. Valentim, ou o Dia da Amizade, ou o Dia do Amor, ou de tudo isso. Afinal, o que são “afetos”? Cada um de nós poderá dar uma definição; sabemos em comum que são essenciais à vida. Um encontro de avós e netos dá certamente uma resposta à questão, onde as emoções e energias dos alunos são absorvidas pelos avós, e estes também fazem com que as suas emoções e energias entrem diretamente nos alunos. As energias dos mais novos foram diferentes das dos mais velhos, ao invés, as emoções, foram semelhantes, pois estas não dependem da idade, mas sim do amor genuíno.
Por detrás deste encontro, muito há a relatar... Tudo se iniciou com a aprendizagem da escrita de uma carta. A partir daqui, os alunos puseram em prática os conhecimentos adquiridos e as suas emoções falaram bem alto quando escreveram as cartas aos seus avós. Nelas demonstraram sentimentos através de simples palavras e que nunca tiveram oportunidade de expressar. Cartas escritas com muito amor, com muito esmero e sem erros, com a letra muito bem feitinha... Tudo isto porque as cartas eram para os seus avós. Cartas muito valiosas, quer para os alunos, quer para os avós. Tesouros que ficarão bem guardados na caixinha das recordações e numa bem maior: o coração de cada um deles. Os avós ficaram surpreendidos. Não esperavam que os seus netos os respeitassem tanto, quase ao ponto de os idolatrarem.
As professoras enviaram uma mensagem aos avós dos alunos, pedindo-lhes que no dia em que viessem à escola também trouxessem uma carta para os seus netos. Para o efeito, elas enviaram-lhes uma folha de carta decorada para aquela ocasião. Aqueles avós que não puderam estar presentes (pela distância ou por motivos profissionais, ou até mesmo por doença) quiseram participar na atividade, enviando à professora a carta para ser entregue ao seu neto ou à sua neta na manhã do dia 12 de fevereiro. Foram recebidas várias cartas, entre as quais duas vindas do Brasil.
Outra atividade realizada pelos alunos foi a elaboração de um postal dedicado ao Dia dos Afetos. Nele, quiseram escrever a mensagem que tinham escrito na carta para o(a) avô (avó).
Os envelopes para os postais foram preenchidos e decorados com muita ternura nas aulas de Inglês. Posteriormente, esses postais foram colocados pelos alunos na Caixa do Correio dos Afetos, afetuosamente construída pela educadora Isa. Também com muito carinho, as professoras titulares de turma compuseram, no hall de entrada da escola, um Mural de Afetos com as cartas dos alunos.
Os pais dos alunos também colaboraram na preparação deste encontro. Vieram à escola participar na atividade “Materiais na mesa... Pais e filhos, aguardem pela surpresa”, igualmente dinamizada pelas professoras do 3.º ano e adstrita ao projeto que se encontram a desenvolver. Desta feita, os pais estiveram a construir os crachás alusivos ao Dia dos Afetos, que depois foram entregues aos avós, alunos, professores e auxiliares da ação educativa no dia 12 de fevereiro. Os pais quiseram adoçar ainda mais este encontro de netos e avós, contribuindo com a oferta do bolo para o lanche-convívio.
As atividades a realizar com os avós foram planificadas em conjunto com os alunos. Estes quiseram que os avós, além de lerem as cartas destinadas aos netos, também escrevessem, pintassem e jogassem. Então, definiram com as suas professoras o programa do encontro entre avós e netos. Do mesmo, constavam as seguintes atividades: entrega do Correio dos Afetos, seguida de um momento de leitura realizada por avós e netos; escrita de uma mensagem ilustrada “Amar é...”; Jogo de Mímica; Dinâmica Avós e Netos; e lanche-convívio.
Uma das maiores demonstrações de puro afeto ocorreu logo na sala de aula, uns dias antes de os avós virem à escola. Perante a impossibilidade de alguns alunos não poderem contar com a presença dos seus avós na escola, houve quem se dispusesse a partilhar com eles os seus avós.
Chegada a manhã do dia 12 de fevereiro, os alunos entraram, como é hábito, às 9 horas. Traziam consigo uma energia maior do que a habitual. Além disso, a alegria estampava-se nos seus rostos. E a ansiedade também. A ansiedade de receberem os avós na escola. Às 9h30m (em ponto) lá estavam os avós no portão da escola! Eram cerca de sessenta. Alguns vieram de longe: de Alhandra, de Casebres, de Ermidas-Sado. Outro veio de muito mais longe: do Porto. De longe ou de perto, todos traziam uma imensa alegria. E vinham carregados com muitos beijos e abraços para dar. Adotaram os alunos que não tinham avós na escola e deram-lhes o seu colinho, os seus miminhos, os seus afetos... O seu amor.
A entrada dos avós nas salas de aula trouxe-lhes à memória os seus tempos de criança, os tempos de escola primária. Era tudo tão diferente dos dias de hoje. Naquela manhã, as salas de aula assaz pequenas para albergarem diariamente 26 alunos avolumaram-se com a presença de cerca de meia centena de avós e netos. Agigantaram-se em entusiasmo, felicidade e satisfação. As professoras ouviram mais os avós do que os netos. Ouviram algumas histórias de vida, e muitas palavras de agradecimento por aquele encontro. Os alunos estavam felizes, seja por estarem com os avós, seja por estes estarem sentados nos seus lugares, a realizarem atividades com a sua ajuda. Alguns participantes seniores ficaram, por breves instantes, com os olhos mais húmidos do que o normal.
O Correio dos Afetos chegou às salas do 3.º ano através de uma amiga mensageira, a professora bibliotecária. Ela entregou as cartas aos seus destinatários: os avós.
Depois do intervalo da manhã, os avós e os netos das três turmas concentraram-se num espaço exterior da escola para realizarem uma atividade conjunta, dinamizada pela professora Sónia - professora da AEC de Expressão Plástica - que, através da sua empatia, espalhou sentimentos por todos.
A manhã passou-se num ápice e, chegada a altura da despedida, libertaram-se as lágrimas que estavam presas dentro dos corações, sinal de que as duas gerações jamais esquecerão a Zeca Afonso.

M.F.V.










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